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sábado, 15 de julho de 2017

Ekeko

Pouco conhecido, Ekeko é uma divindade da prosperidade e abundância que surgiu na época pré-colombiana, seu nome vem de variações de Equeco, Ekhako ou Eqaqo.

Ekeko é um autêntico deus da sorte e prosperidade, muito popular na Bolívia e em alguns países próximos como Argentina, Chile e sul do Peru. Ekeko é representado como um homem quase normal com bigode, suas pequenas estátuas são tidas como símbolos da sorte, nelas ele aparece com roupas típicas da região, como o poncho e carregando com eles várias sacos e cestas, dentro desses existem grãos, como o milho, símbolo da fartura.  Algumas variações apresentam o mesmo carregando outros objetos, como o violão, flauta e bens materiais. Também existem versões mais modernas onde Ekeko é representado vestido como um homem de negócios, usando terno e também cheio de objetos consigo.

Ekeko

Algumas imagens dele possuem a boca aberta, assim quem deseja sorte acende um cigarro e coloca na boca dele como oferenda. Também são ofertadas notas de dinheiro. Prosperidade, fertilidade, sorte, boa colheita, e coisas relacionadas são as bençãos que Ekeko trás.
É muito comum que pessoas do Bolívia tenham uma imagem pequena de Ekeko em suas casas e lhe ofertem dinheiro e cigarros, Ekeko não só atrai a sorte, como afasta coisas ruins. Se o cigarro for queimado inteiro é bom sinal, caso contrário, é sinal de algum infortúnio.

Ekeko tem um festival onde é cultuado, é o festival é chamado de Alasita e ocorre em La Paz, Bolívia todo ano em 24 de Janeiro, pessoas de muito longe vão lá para comprar miniaturas do Ekeko, junto do Ekeko colocam miniaturas de coisas que querem com o objetivo que todos os objetos e bençãos que ele carrega consigo se manifestem e materializem na vida delas.

Ekeko Fumando


Se acredita que Ekeko seria a transformação de uma divindade muito mais antiga, chamado de Tanupa esse que era conhecido como Ekhako também, se teoriza que ele era relacionado com prosperidade e fertilidade na época do império Inca, mas pouco se sabe sobre essa divindade, até se tentou no período da colonização converter a deidade ao cristianismo, fazendo um sincretismo forçado com São Bartolomeu ou São Tomás, e também surgiram contos com viés cristão, porém, a história não vingou e muito do que era verdadeiro se perdeu. Arqueólogos encontraram alguns ídolos de barro, basalto e até ouro, é entendido que Tanupa seria uma divindade relacionada antes de tudo com a fertilidade devido ao formato fálico dos ídolos que retratam ele.

La illa del Ekeko

Na imagem acima, um ídolo de Tanupa datado com 2 mil anos, com uma história muito interessante: Em 1858 o naturalista e explorador suíço Johann Jakob von Tschudi foi para Tiwanaku, lá avistou o ídolo e tentou comprar o mesmo dos moradores da região (ou quem escavou o mesmo em um sítio arqueológico segundo outras versões), porém, os mesmos ficaram ofendidos com a proposta, mas Johann tornou os donos da peça mais flexíveis na negociação usando uma garrafa de conhaque, inicialmente as negociações não foram para frente por causa do preço, mas quando estavam totalmente embriagados os donos do item fecharam o negócio, quando perceberam o que fizeram e tentaram desfazer o negócio e perseguiram Johann, mas estavam bêbados demais e não conseguiram alcançar o mesmo que estava com um cavalo, e ele levou o ídolo para a Suíça, após a morte de Johann, seu neto vendeu o ídolo para o museu de Berna.

Apenas em 2012 a embaixadora da Bolívia viu a peça no museu e conseguiu após muita negociação conseguiu que ela fosse devolvida em 2015, e quando retornou foi carregado pelas ruas de La Paz até chegar na festa de Alasitas, atualmente o item é chamado de "La illa del Ekeko", Illa seria uma palavra para ídolo mágico.

O jesuíta italiano Ludovico Bertonio (1552 - 1625) em seu livro que é como um dicionário do idioma aimará, "Vocabulario de la lengua aymara" faz uma citação sobre Ekeko, porém com um nome diferente Ecaco.

Tradução:

Ecaco/Thunnupa: Nome de alguém da qual os índios antigos contam muitas fábulas: E muitos ainda nesse tempo as têm como verdadeiras: E assim seria bom procurar desfazer essa superstição que possuem por embuste do Demônio.  

A igreja católica de muitas formas tentou acabar com o culto ao Ekeko, porém, sem sucesso, com o tempo para fugir da perseguição, a imagem de Ekeko foi se transformando aos poucos na imagem moderna de hoje e provavelmente vai existir por muito tempo.